Thursday 21 February 2008

A cuba (ainda) de Castro


Há alguns anos atravessei pela primeira vez o Oceano que nos banha para visitar Cuba. O país fascinou-me, por todas as referências com que cresci e de que sempre ouvi falar. Agora Fidel Castro anunciou que irá abandonar as funções de Presidente do Conselho de Estado e de comandante supremo das Forças Armadas de Cuba, o que implicará mudanças naquela ilha, que irão provocar uma autêntica mudança na vida daquele país.

Considero-me uma afortunada. Nasci depois do 25 de Abril, nunca soube dar valor à Liberdade porque nunca vivi sem a ter. Em Cuba não há liberdade e é difícil perceber se as pessoas se habituaram a aceitar o que têm ou se aguardam pacientemente por uma mudança que lhes proporcione uma vida melhor. Para mim é incompreensível que os cubanos vejam o seu ainda líder como um Deus, um salvador. Mas a verdade é que a maioria deles o respeita e acata as decisões do «inimigo número um» dos Estados Unidos.
A nossa guia estava a aprender a falar português, por sua conta e à custa da leitura dos livros disponíveis na biblioteca, ou seja, um livro sobre a fundação do Partido Comunista Português, não duvido muito importante, mas de longe cumpridor do propósito de aprendizagem. Mas nem por isso parecia angustiada por não ter mais leituras, por não poder aprender de outra forma. Parecia conformada com o que tem.

O país é pobre, fruto de embargos mas também das fronteiras rígidas que não dão abertura ao país. Espera-se uma democratização da ilha, o que não implicará necessariamente apenas aspectos positivos. Para mim, o acesso à Liberdade de imprensa, de deslocação, de frequência de hotéis, restaurantes, locais exclusivos do turismo, já seria um passo gigante. Mas Castro não baixa já os braços e provavelmente continuará a puxar os cordelinhos do destino da sua nação.

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