Saturday 1 March 2008

cinema em Berlim


Faz hoje quinze dias que encerrou o Festival de Berlim onde todos os anos se apresentam filmes que fogem um pouco às produções americanas que todos conhecemos. Apesar de não colocar num pedestal o cinema dito europeu, de autor, por oposição às grandes produções americanas, reconheço-lhe a importância, a relevância de alguns assuntos abordados, a forma como nos obriga a pensar e nos abre os olhos.

No certame que agora terminou destacou-se o filme «Tropa de Elite», realizado no Brasil, por José Padilha, sobre as operações do Batalhão de Operações Policiais Especiais (BOPE) da Polícia Militar do Estado do Rio de Janeiro, que decorrem essencialmente no bairro de lata desta cidade. Não é certamente um filme sobre a realidade da favela que vai fazer mudar alguma coisa, mas espero que ajude nalgum sentido, nem que sirva apenas para relançar o debate da corrupção e da violência gratuita.

Espero que o filme seja estreado cá em breve. Para já, vejam aqui o sítio oficial.


Monday 25 February 2008

mutts




Peace. Love. Mutts. Yesh!
Gosto de cães e de gatos e de ler comics sobre bichos que se dão bem. Há alguns anos uma amiga apresentou-me o autor: Patrick McDonnell e desde então que recebo diariamente uma tira dos Mutts no email. Só quem nunca teve um bicho de estimação é que talvez não reconheça a caricatura tão boa de estar paredes-meias com um gato, ou um peixe, ou um cão…

Em momentos de maior cansaço ou mau-humor, recomenda-se folhear aleatoriamente um livro dos Mutts (ou consultar as vinhetas na página oficial) e sorrir com a humanidade e a doçura do Earl e do Mooch.

Deixo aqui um exemplo com um sorriso rasgado e cheio de ternura :)


Friday 22 February 2008

Ciberdúvidas


Para quem não conhece, trago aqui a apresentação do sítio Ciberdúvidas da Língua Portuguesa, no qual se defende que «ter dúvidas é saber». Segundo palavras dos criadores, este «é um espaço de esclarecimento, informação, debate e promoção da língua portuguesa, numa perspectiva de afirmação dos valores culturais dos oito países de língua oficial portuguesa, que completou 10 anos de existência em 15 de Janeiro de 2007.»

O sítio disponibiliza conteúdos como notícias e textos de investigação/reflexão sobre a língua portuguesa, mas também questões relacionadas com o ensino da nossa língua, controvérsias e algumas propostas. A minha utilização (recorrente) prende-se com dúvidas ortográficas, fonéticas, etimológicas, sintácticas, semânticas e pragmáticas que são esclarecidas diariamente por um grupo de colaboradores que se socorrem da consulta de dicionários e gramáticas.

Recomendo o sítio a qualquer pessoa que tenha na sua profissão a necessidade de escrever frequentemente, mas também a curiosos e interessados pela nossa língua. E, já agora, aproveito para felicitar os criadores do sítio. Incitativas como esta são de louvar e, espera-se, premiar.

Thursday 21 February 2008

A cuba (ainda) de Castro


Há alguns anos atravessei pela primeira vez o Oceano que nos banha para visitar Cuba. O país fascinou-me, por todas as referências com que cresci e de que sempre ouvi falar. Agora Fidel Castro anunciou que irá abandonar as funções de Presidente do Conselho de Estado e de comandante supremo das Forças Armadas de Cuba, o que implicará mudanças naquela ilha, que irão provocar uma autêntica mudança na vida daquele país.

Considero-me uma afortunada. Nasci depois do 25 de Abril, nunca soube dar valor à Liberdade porque nunca vivi sem a ter. Em Cuba não há liberdade e é difícil perceber se as pessoas se habituaram a aceitar o que têm ou se aguardam pacientemente por uma mudança que lhes proporcione uma vida melhor. Para mim é incompreensível que os cubanos vejam o seu ainda líder como um Deus, um salvador. Mas a verdade é que a maioria deles o respeita e acata as decisões do «inimigo número um» dos Estados Unidos.
A nossa guia estava a aprender a falar português, por sua conta e à custa da leitura dos livros disponíveis na biblioteca, ou seja, um livro sobre a fundação do Partido Comunista Português, não duvido muito importante, mas de longe cumpridor do propósito de aprendizagem. Mas nem por isso parecia angustiada por não ter mais leituras, por não poder aprender de outra forma. Parecia conformada com o que tem.

O país é pobre, fruto de embargos mas também das fronteiras rígidas que não dão abertura ao país. Espera-se uma democratização da ilha, o que não implicará necessariamente apenas aspectos positivos. Para mim, o acesso à Liberdade de imprensa, de deslocação, de frequência de hotéis, restaurantes, locais exclusivos do turismo, já seria um passo gigante. Mas Castro não baixa já os braços e provavelmente continuará a puxar os cordelinhos do destino da sua nação.

Wednesday 20 February 2008

Uma questão de postura


Eu bem me esforço por ter tento na língua, ser menos viperina, mais tolerante com as pessoas. Mas com os jornalistas não há paciência. Tenho acompanhado as notícias dos acidentes que se deram um pouco por todo o distrito por causa da chuva, nomeadamente o desaparecimento de duas pessoas, uma em Loures outra em Sintra. Refiro aqui apenas o tratamento da notícia pela RTP, televisão que tem o peso de cumprir o serviço público e que, por isso, tem a responsabilidade da seriedade e a obrigação de ser mais comedida.

Hoje de manhã vi duas reportagens, em directo dos dois locais onde supostamente serão recolhidos os corpos das duas vítimas desaparecidas na passada segunda-feira 18. Hoje não vou falar nos falsos directos, na situação de não-notícia, mas apensa no tom das duas repórteres. Enquanto a que estava em Loures mantinha uma postura serena, com um tom de voz calmo, e resumia as operações que se iram proceder, a que estava em Sintra chocava pelo contraste. Falava alto (quase em histerismo), num tom nervoso de ansiedade, sobressaltada, a tratar um assunto de perda humana como quem fala de um espectáculo, a tentar ter a primeira imagem, a tentar ter o furo.
Será que não há um editor na RTP, não há um colega que lhe explique que não é forma de tratar um assunto desta natureza? Falar da morte de uma pessoa não merece certamente este tratamento.

Situações destas devem ser corrigidas. Da mesma forma que fazemos as reclamações um pouco por todos os prestadores de serviços, também neste caso devemos tentar mudar a maneira como se reportam as notícias hoje em dia.

[
Provedor]

Tuesday 19 February 2008

ePortfolio


Ou ePorta-fólio, do francês porte-feuille: o verbo portar (= «levar», «conduzir») + o substantivo fólio (livro numerado por folhas; as duas laudas de uma folha…). Qualquer que seja a escolha da denominação, no original ou em português, o ePortfolio foi assunto de uma sessão de trabalho na EU Conference eLearning Lisboa 2007 que decorreu no ano passado, orientada por Helen Richardson.

Helen Richardson, Coordenadora do Grupo Especial de Interesse sobre Portfolios, CETIS, definiu o conceito como tendo várias aplicações: «Presentation for a particular audience; Application - for next education stage or for employment (CV builder); Assessment - Skills and competencies, formative/summative assessment; Learning and personal development; Personalising learning, evidencing learning, personal/professional development related activities, reflection on learning, action planning, career management; Transition - Information, advice and guidance: learning pathways, option choices.»

Os ePortfolios representam a mudança que tem acontecido ao nível da educação e da tecnologia. Trata-se de um recurso digital que pode ser personalizado por áreas, consoante o tema de interesse. Cada área pode ser dedicada a determinadas competências, orientadas por exemplo para a procura de emprego. A consulta do ePortfolio pode também ser personalizada/autorizada a diferentes utilizadores tais como os pais, entidades empregadoras, colegas de aprendizagens e professores.
Deixo ainda algumas definições retiradas do sítio
http://www.elearnspace.org/Articles/eportfolios.htm, consultado hoje.
  • “Portfolios are collections of work designed for a specific objective—that is, to provide a record of accomplishments” (National Learning Infrastructure Initiative (NLII, 2004);
  • “An eportfolio is a web-based information management system that uses electronic media and services. The learner builds and maintains a digital repository of artifacts, which they can use to demonstrate competence and reflect on their learning.” (ePortfolio Portal, 2004);
  • Portfolios are collections of realia that have been assembled by a person and are retained and curated by them because the objects contained in the collection evidence or attest to claims that a person might make to themselves or to others about their life.” (The E-Learning Framework, 2004) Perante tal potencial de divulgação e partilha de conteúdos, só temos a ganhar com a criação de um ePortfolio.
Aqui se sugere um sítio vocacionado para estudantes: ePortfolio.org

Sunday 17 February 2008

Voltei à Madeira




A Madeira, para quem não sabe, é muito mais do que o Funchal, muito mais do que a construção desenfreada de hotéis à beira-mar plantados. Digo «para quem não sabe», porque eu não imaginava que em 740,7 km se pudesse encontrar tanto do Portugal profundo e rural, que os contrastes entre cidade e aldeia estivessem tão próximos.

O passeio de São Vicente para Santana é muito bonito, na pontinha da encosta, paredes meias entre o mar e a escarpa da montanha. As pessoas com quem me cruzei pelo caminho, as que não eram turistas da chamada 3.ª idade, são da maior simpatia que já encontrei ao longo de vários passeios pelo país.

Mesmo sendo inverno, a temperatura é óptima, o cheiro a maresia misturado com o das flores, por todo o lado o verde... outra coisa que não consigo deixar de reparar foi a cultura das bananeiras. Por todo o lado (sim, mesmo todo o lado – até na beira da estrada) há plantações de bananeiras que podem ser dois pés a um quintal pejado delas. A imagem das hortas, com couves e feijões, batatas, na Madeira não existe. Tudo o que é terreno cultivável é mesmo destinado a este fruto. E como foi bom sentir o sabor de infância. Será que é assim tão difícil comprar banana boas/nacionais em Lisboa?

Um senão: aterrar e descolar daquela ilha pode tornar-se um acontecimento muito angustiante, especialmente em dias de tempestade. De qualquer forma, recomenda-se.